Musica Clássica

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A música clássica é aceita na periferia???

Aula de Ação cultural 05/04/11 comentando com uma colega da classe sobre o tema do nosso blog fui questionada sobre a aceitação da música clássica nas periferias e ai eu é que fiquei me questionando e algumas perguntas me surgiram...
 
Será que se ouvem mesmo esse estilo de música ou será que em alguma comunidades onde são desenvolvidos projetos sociais como orquestra esse gênero musical seria apenas uma vávula de escape para muitos jovens destas comunidades que vêem nisso uma saída, uma oportunidade de trabalho ou sei lá mais o que...

Acredito que esse vídeo pode trazer alguma resposta sobre essa pergunta.

http://www.youtube.com/watch?v=aj3AKQwr5Vc


Eliane Lopes

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Orquestra para todos...

Foi-se o tempo em que era necessário fazer grandes cortes no orçamento ou passar muito tempo juntando dinheiro para poder assistir a um concerto da orquestra sinfônica de São Paulo. Agora os ensaios são abertos e o preço que se paga para apreciá-los é R$10,00. 



Essa abertura possibilitou que pessoas pertencentes as classes com baixo poder aquisitivo pudessem participar desses ensaios e apurar seu gosto musical.

De acordo com a reportagem da Veja São Paulo agora desde floristas e até donas de casa tem aparecido nos ensaios. São iniciativas como esta que mostram a diversidade e verdadeiro gosto cultural da população brasileira.

Segue abaixo o link da reportagem

Por Monica Pereira Sampaio =)

Piano Itinerante

Uma iniciativa interessante é a do Piano Itinerante. Um piano é colocado à disposição dos usuários das estações de trem.

Já esteve em Pirituba, Barra Funda e atualmente está na Estação da Luz. Muitos talentos tem se revelado, inclusive já foi até gravado um CD com as músicas que os populares tocam. Esse projeto serviu para mostrar que conhecimento de música erudita não é uma exclusividade das classes sociais mais avantajadas e que as pessoas com menor poder aquisitivo, que moram em lugares conhecidos como periferia e utilizam transporte público possuem cultura além das músicas de cunho mais popular que os jovens costumam ouvir alto em seus celulares nestes transportes.
Segue abaixo o link sobre essa reportagem, se você souber tocar piano e não tiver onde praticar, vale a pena sair de casa 30 minutos mais cedo e dar uma "desenferrujada" na estação de trem.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Periferia é Periferia... em qualquer lugar.












RAS Wellington · São Paulo, SP
 
Olhando na foto, será que você consegue dizer de que lugar é? Se é do Rio, de SP, de Salvador, Pernambuco?... ou se é da Jamaica, ou de qualquer outro pais da África? Difícil não é?! Muitas vezes eu penso no porque da música americana ser tão ruim hoje, o rap estilo “bling bling” [essa era nova para mim até poucos dias], com alguns caras criados no gueto fazendo música que vale no máximo 50 centavos, e se bobear ainda tem que voltar o troco de tão ruim, desfilando de Mercedes e Ferraris nos clips, só curtindo em boates de boy com varias vadias, bom, nada contra ou a favor das vadias, que elas um dia pensem em mudar de vida, senão vão pro fogo mesmo, e nada contra o dinheiro, quando nascemos ele já tinha sido inventado e implantado há tempos, eu sou contra essa ostentação idiota de grana, que na verdade frustra muito quem está no gueto, algumas vezes leva a um pensamento de “por que esse cara tem, e eu não?!”... Bob disse uma frase muito real: “enquanto a filosofia de uma pessoa ser superior a outra não for dizimada, haverá a guera.”

Onde eu quero chegar é, será que ainda tem músicos que fazem uma música de protesto hoje em dia?.. eu ainda tenho meus plays das antigas guardados, alguns novos, mas .... ainda prefiro algumas coisas das antigas, que eu já postei aqui, Poor Righteous Teachers, com um discurso político e extremo, gosto de Sizzla, mas não tudo, às vezes ele fala umas paradas, que eu penso que nem ele mesmo vive o que ele fala, Capleton eu já gosto mais, praticamente todas as letras, um pouco mais centrado, Anthony B é o melhor dessa trindade, letras inteligentes, equilibradas, sabe a hora de falar de festa, a hora de tacar o fogo mesmo, música de gente grande, mas nenhum desses é um africano de verdade, nascido na África.

Se tiver afim de ver a matéria completa é só acessar o link à baixo.

Disponível em: http://www.overmundo.com.br/overblog/periferia-e-periferia-em-qualquer-lugar>

Orquestra Experimental de Repertório

 Imagem do post

Indicado para adultos e crianças, o espetáculo Brincando com Música entra em cartaz a partir de 07 de abril, com temporada que se estende até dezembro deste ano. Esta nova série de concertos didáticos é um desdobramento das antigas séries “Tá na clave” e “Passaporte Cultural”.

Com a participação de instrumentistas monitores da Orquestra Experimental de Repertório, sob a condução dos maestros Jamil Maluf (titular) e Juliano Suzuki (assistente), a apresentação conta, ainda, com a presença do ator cômico Fernando Paz, responsável por grande parte da interação da orquestra com o público.

Com o objetivo de despertar interesse pela música erudita e, dessa forma, contribuir para a formação de platéia para este gênero musical, o espetáculo aborda conceitos de execução, instrumentação e regência musicais de forma muito divertida, buscando analogias com o cotidiano das pessoas, colocando-as no centro da prática musical.

Entre uma brincadeira e outra, onde serão apresentadas famílias dos instrumentos, como por exemplo, cordas, metais etc, será executada pela orquestra a Suíte dos Comediantes, de Dmitri Kabalevsky e The Stars and Stripes Forever, de John Philip Souza.

É possível realizar agendamento para grupos e escolas, públicas e privadas, por e-mail: visitasccsp@prefeitura.sp.gov.br.

Serviço: Centro Cultural São Paulo - Sala Adoniran Barbosa. Rua Vergueiro, 1.000 - Paraíso. Centro. Tel. 3383-3400. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Agendamento para grupos de todas as idades e escolas das redes pública e privada pode ser feito pelo e-mail: visitasccsp@prefeitura.sp.gov.br e informações pelo Tel: 3397-4036. Dias das apresentações: Abril: dia 7 e 14; Maio: 5, 12, 19 e 26; Junho: 2, 9, 16 e 30; Julho: 21 e 28; Agosto: 4, 11, 18 e 25; Setembro: 1, 15, 22 e 29; Outubro: 06 20 e 27; Novembro: 3, 10, 17 e 24; Dezembro: 01 08 e 15. Horário: das 14h às 15h. Grátis (Serão distribuídos ingressos 1 hora antes do espetáculo para o público em geral
.)


http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/noticias



O som que salva!!!

Um projeto público na periferia de São Paulo ensina música clássica a milhares de crianças carentes
KÁTIA MELLO
Alex Almeida

NA PERIFERIA

Revista Época - Máximo toca eufônio no CEU Navegantes, em São Paulo. Ele se exibiu na sala de concertos mais importante da cidade
Máximo Eduardo Tosta Mello, de 15 anos, subiu ao palco da Sala São Paulo - uma das melhores para concertos de música clássica no mundo - com as mãos suadas. Era 9 de novembro de 2008 e ele mal conseguia segurar seu eufônio - um instrumento de sopro pouco conhecido, semelhante a uma tuba. Máximo traduz seu som como “o mais aveludado e belo da orquestra”. Sozinho, ele tocou o “5º movimento de estudos folclóricos”, de Ralph Vaughan Williams. No final do solo, a sala foi tomada por emocionados aplausos. E Máximo chorou, exausto. “Foi a experiência mais marcante da minha vida”, diz.

Agora Máximo faz testes para ingressar na Banda Sinfônica do Estado. Ele é uma das promessas do programa Guri Santa Marcelina, que, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, oferece formação musical a 7 mil alunos em 21 polos espalhados pela capital paulista, em geral nos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Para dar aulas a esses meninos e meninas, foram contratados 190 professores. É o maior programa desse gênero nas metrópoles brasileiras. Para ter uma ideia, o respeitado Instituto Baccarelli, que surgiu há 13 anos com a mesma finalidade de levar a música instrumental às crianças carentes, hoje tem cerca de 500 alunos na comunidade de Heliópolis, em São Paulo. No próximo ano, o Guri Santa Marcelina deverá atingir mais 39 polos (28 escolas estaduais e dez CEUs, escolas municipais). Isso significa que serão 27 mil alunos com aulas gratuitas de música em 2010. O número é grande, mas o potencial de transformação dessa experiência na vida das crianças e dos adolescentes parece ainda maior.
O projeto de São Paulo é uma parceria entre o governo do Estado e as Irmãs Marcelinas (entidade religiosa que já participava da administração do governo José Serra na área de saúde). Ela existe desde dezembro de 2007. Agora, deverá servir como modelo para implementação das aulas obrigatórias de música nas redes municipal e estadual. Em 18 de agosto de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.769, que obriga as escolas a oferecer aulas de música no ensino fundamental e médio. As escolas têm três anos para se adaptar. O ensino musical em escolas públicas, porém, não é barato. Para o programa Guri Santa Marcelina, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo destinou R$ 15 milhões anuais pelo período de quatro anos. Parece muito dinheiro para um país carente investir em algo que aparentemente não é essencial. Mas o resultado é animador.
“Só me vejo fazendo isso”, diz Máximo. Tímido, ele olha para o chão ao falar. Conta que nas horas em que está em seu quarto senta-se na cama e escuta a música do maestro e compositor americano James Curnow. Em sua escrivaninha, ao lado da cama, estão partituras do inglês Philips Sparke. Máximo afirma que os amigos dizem que “ele é doido”. Ele começou a tocar eufônio aos 13 anos e até hoje seu pai custa a acreditar que o menino leva a música clássica a sério. “Minha família não me dá muito crédito”, diz. Órfão de mãe, ele vive com o pai e a madrasta. Meninos como ele trocam o campinho de futebol de terra batida por um quarto fechado, invadido apenas por acordes. Para esses músicos mirins, o gol é marcado quando uma peça de Chopin, de Beethoven ou de Schubert são bem executadas.
"Fazer música sensibiliza, proporciona raciocínio lógico, concentração, disciplina e memória", Paulo Zuben, músico e gerente do projeto
Outro destaque do projeto Guri é Fransuelen da Silva, de 11 anos. Se a previsão for confirmada, em alguns anos Fransuelen estará bem empregada em uma das principais orquestras do país. Fran, como é conhecida, toca clarinete e, em agosto deste ano, teve a chance de participar do 7º Festival Bourbon Street, em São Paulo, ao lado do trombonista americano Glen David Andrews e sua banda de Nova Orleans. Não há exagero em dizer que a música transformou a vida dessa garota e de sua família. “Eu era uma peste. Quebrava os copos de casa quando tinha raiva. Também achava que estudar era chato.” Hoje, apaixonada pela música, Fran diz que se tornou aluna exemplar. “Estudar exige dedicação. Mas eu vou me formar em música”, afirma.
A mãe de Fran, Sandra de Souza Silva, de 48 anos, empregada doméstica, relata como a música interferiu na rotina familiar. Antes temia que suas crianças passassem o dia na rua, mas hoje sai sossegada para trabalhar às 4 da manhã. “Sei onde encontrá-las”, diz. A escola de música tornou-se um segundo lar para Fran e seus dois irmãos, Marlon, de 13 anos, que toca trompete, e Júnior, de 15, que toca eufônio. “Eles não faltam um dia na aula e isso me tranquiliza. O Cantinho do Céu é muito perigoso. As crianças vendem drogas aqui na frente de casa”, diz. O Cantinho do Céu é um dos bairros mais violentos da periferia paulistana. Fica no distrito do Grajaú, no extremo sul da capital. No caminho para a escola, Fran, seus irmãos e outras crianças do programa veem crianças levando e trazendo drogas - os chamados “aviõezinhos” dos traficantes. As ruas do bairro são esburacadas, há esgoto a céu aberto, faltam segurança e, principalmente, esperança. Quando conseguem emprestados instrumentos da escola, festa em casa. Na escadaria de azulejo da sala de Fran, em minutos forma-se uma pequena banda. Na casa dos Silvas, ouve-se música clássica.
Marcelo Min
BANDA CASEIRA
Fransuelen (de blusa vermelha) com seu clarinete ao lado dos irmãos Júnior (de camisa bege), Marlon (de preto), Suelen e a mãe, Sandra, em casa, no bairro Cantinho do Céu, em São Paulo


Marcelo Min
CANTINHO DO CHORO
Vinícius Mathias, de 7 anos, sua mãe, Jaciara, e sua irmã, Winnie, no quintal da casa deles em São Paulo. Nos fins de semana, as crianças caem no chorinho com o pai

Como em qualquer profissão, talento não basta. É preciso estudar, e muito. Os alunos de 6 a 9 anos que ingressam no programa passam primeiro por um curso de iniciação musical em que aprendem sobre instrumentos, cantam e são estimulados à concentração. Os garotos de 10 a 18 anos ingressam no curso sequencial, que abrange canto, prática de instrumento, prática de conjunto e teoria musical. Para esse módulo, foi criada por músicos renomados de orquestras brasileiras uma metodologia para cada instrumento. O primeiro violino da Osesp, Cláudio Cruz, desenvolveu o método para violino. Ana Valéria Poles, primeira contrabaixista solista da Osesp, fez o mesmo para o contrabaixo. A linguagem é específica para crianças. O professor Eduardo Pereira, de 24 anos, que dá aulas de prática de banda no CEU Navegantes, diz que a ideia é aprender de maneira lúdica. Os professores também recebem ajuda de consultores, como Dario Softel, maestro da banda sinfônica do Conservatório de Tatuí, um dos mais respeitados no país.
Se a criança não vai à aula por duas vezes, os assistentes sociais procuram saber o motivo da ausência. O estudante tem de estar matriculado em alguma escola e não pode ter notas vermelhas no boletim. Platão já dizia que a música é um instrumento educacional da maior importância pelo fato de elevar o raciocínio. Foi o que aconteceu com Máximo, Fran e outros alunos que desde sua aproximação com a música passaram a ter notas melhores de matemática. “Fazer música sensibiliza, proporciona raciocínio lógico, concentração, disciplina e memória”, afirma Paulo Zuben, de 40 anos, gerente executivo do Santa Marcelina Cultura. Mesmo para aqueles que já tinham familiaridade com matemática, a música trouxe mudanças. Lucas dos Santos, de 16 anos, estuda música por hobby. Ele canta no coral do programa e passou a ler partituras. Considerado um geninho na informática, ele não pretende seguir a carreira musical. Mas o fato de estar fazendo as aulas de canto e de instrumentos fez com que Lucas passasse a ser uma pessoa mais extrovertida, mais aberta para as novidades do mundo. “Aqui passei a escutar Beethoven, Vivaldi, Mozart”, diz. Assim como outros garotos, Lucas também passou a frequentar lugares que não conhecia, como teatros de São Paulo onde acontecem apresentações de filarmônicas.
A música é uma forma de ascensão social.
Um músico de orquestra no Brasil pode ganhar R$ 8 mil

Tudo na experiência do projeto sugere que a escola musical pode ser uma ponte para uma vida melhor. Mesmo que a criança não faça parte de uma orquestra, a música dá cor e significado a uma infância em que frequentemente faltam as duas coisas. “Aqui, a música se apresenta como uma proposta de vida em meio a tanta pobreza. Pelas circunstâncias em que esses meninos vivem, eles não tinham perspectivas e agora têm”, diz a assistente social do programa, Gilcelia Reis. O papel de assistentes sociais como Gilcelia é fundamental. O programa leva em consideração o contexto psicológico e social em que está inserido o aluno. Nos encontros mensais de terapia familiar entre pais, alunos e assistentes sociais conversa-se sobre os problemas que podem afetar o aprendizado. Keyla da Silva Vieira, de 12 anos, sofre de rouquidão crônica e não conseguia acompanhar as aulas de canto. Em uma dessas reuniões, descobriu-se que a menina perdia a voz por questões de fundo emocional. Ela ficava nervosa todas as vezes que a mãe, cardíaca, se indispunha com um dos irmãos envolvidos em drogas. Keyla foi encaminhada para uma psicóloga e uma fonoaudióloga. A terapia fez com que ela se sentisse mais segura. Agora perdeu o medo de cantar.
A terapia também ajudou Vinícius F. dos Santos Mathias, de 7 anos. A mãe, Jaciara dos Santos Mathias, manicure de 34 anos, conta que o menino não conseguia se concentrar na aula. “Ele não tem déficit de atenção nem é hiperativo, mas tem muita dificuldade na concentração”, diz ela. Vinícius começou as sessões porque não conseguia ficar parado e ler as partituras. Em poucos meses, foi possível ver as transformações no garoto. Ele se tornou assíduo nas aulas de teoria musical e agora sempre pede à mãe para assistir a orquestras sinfônicas. Vinícius nasceu em berço musical. O pai, Emerson Mathias, tem um grupo de choro em que toca bandolim e cavaquinho. Nos fins de semana, a família se reúne no quintal da casa. Como plateia estão os amigos e a galinha Sabrina. Na parede do quintal, lê-se: “O cantinho do choro”. Jaciara demonstra orgulho dos filhos e revela sua teoria: “Se o meio faz a pessoa e se a criança escuta música boa, ela tem muito mais chances de ter um futuro melhor”. Para orgulho da mãe, Vinícius diz querer ser maestro. O menino franzino parece ter jeito para isso. "Eu me imagino de baqueta e no palco. Vou ganhar um salário bom, vai ser divertido”, diz. No quarto dos pais de Vinícius, em cima de uma cômoda, ficam o cavaquinho e o bandolim que levam os nomes dos dois filhos: Vinícius e a irmã Winnie, de 3 anos, que ensaia ser flautista.
Marcelo Min
ÓPERA PARA TODOS
Mais de 600 alunos assistem concentrados à ópera Le domino noir, no Theatro São Pedro, em São Paulo. Depois de três atos, os cantores foram aplaudidos por meninos e meninas da periferia

Para o maestro da Orquestra Sinfônica Jovem, João Maurício Galindo, de 49 anos, crianças originárias das periferias brasileiras têm boas chances de entrar numa orquestra. Galindo diz que há algumas décadas as poucas orquestras que existiam eram compostas de filhos de alemães e suíços que têm na música clássica uma tradição. Hoje, são os jovens das periferias que passaram a ver a formação musical como uma oportunidade de melhorar de vida. “Eles veem na música uma forma de ascensão social. Um músico de orquestra chega a ganhar R$ 8 mil.”
A maior parte dos projetos de ensino de música clássica a crianças carentes se espelha no Sistema Nacional de Orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela, ou simplesmente El Sistema. Fundado em 1975 pelo maestro José Antonio Abreu, ele tornou-se a maior experiência mundial de música erudita em comunidades carentes. Seus braços hoje abrigam 250 mil crianças em 30 orquestras e o orçamento do programa na Venezuela é de cerca de US$ 29 milhões anuais. A estrela máxima - o garoto-propaganda do Sistema - é o maestro Gustavo Dudamel, que aos 28 anos assumiu o comando da Orquestra Sinfônica de Los Angeles. Originário das favelas de Caracas, Dudamel é a tradução perfeita de prodígio e talento. O Sistema sobreviveu a sete governos e exporta talentos para o mundo inteiro.
Em uma tarde chuvosa de novembro na capital paulista, 600 alunos de 12 polos do projeto Guri Santa Marcelina assistiram à ópera Le domino noir, do compositor francês Daniel Auber, no Theatro São Pedro. Os olhinhos grudados no palco acompanharam cada agudo, cada grave dos cantores. A ópera tem três atos e, o tempo inteiro, as crianças riram. Pareciam totalmente envolvidas. Nenhuma delas saiu da cadeira em momento algum. No final, meninos e meninas aplaudiram em pé. “Eles entenderam tudo. Suportaram quietos duas horas e meia de apresentação”, diz o maestro Galindo, que regeu a orquestra. “Depois ainda dizem que criança não gosta de ópera, não gosta de música clássica.”

Disponível em: http://www.acaoilheus.org/news/1844-o-som-que-salva